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Suicídio entre idosos e a importância do Setembro Amarelo

Publicado em 29 de setembro de 2022

Com uma média de 7,8 casos a cada 100 mil habitantes, o Brasil possui um dos maiores índices de suicídios entre pessoas idosas no mundo. Os suicídios entre pessoas desta faixa etária já ultrapassam em 47% em comparação à população geral. 

Os dados são ainda mais alarmantes quando consideramos faixas mais específicas dentro deste grupo. Entre idosos acima de 70 anos, por exemplo, a taxa de suicídios sobe para impressionantes 8,9 por 100 mil habitantes.

Por isso, é cada vez mais urgente compreender as causas destes dados que, infelizmente, apresentam uma tendência crescente. O Setembro Amarelo traz para nós a oportunidade de falar mais sobre o tema e desenvolver uma cultura de prevenção do suicídio.

O mito do idoso feliz

Existe na sociedade brasileira (e em muitos outros países) uma ideia preconcebida de que todo idoso é feliz. O termo "melhor idade", muito usado no Brasil, aumenta o peso da maquiagem sobre o problema. Essa visão ideal que contradiz a realidade de muitos idosos, incentiva um conceito de que pessoas mais velhas têm menos obrigações e aproveitam suas aposentadorias cuidando de jardins, assistindo TV, ou sentando em uma confortável poltrona enquanto descansa ou lê um bom livro. 

O romance da cena muito comum em comerciais de TV passa longe da realidade da maioria da população sênior no Brasil. Ela oculta características bem menos agradáveis que, quando não tratadas adequadamente, levam a quadros de depressão e perda de autonomia.

Das dores nas articulações ao isolamento social, são vários os aspectos biopsicossociais que podem afetar o bem-estar da pessoa idosa até o ponto de se tornar insustentável. Buscando se adequar ao termo "melhor idade", parte da população sênior oculta seus problemas e como eles afetam suas rotinas diárias. O resultado é um acúmulo de frustrações e a consequente redução da qualidade de vida.

Como identificar uma possível intenção de suicídio

Em primeiro lugar, é importante destacar que a depressão é prevalentemente alta na população idosa e com características e mitos muito particulares.  . Um levantamento recente feito pela Pfizer e Ibope (2019), na pesquisa com o título "Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a saúde mental" mostrou que 30% dos entrevistados com mais de 55 anos não sabem opinar sobre o tema ou acreditam que ele tem relação com a falta de fé em alguma religião. Uma outra grande fatia destes números (34%) acredita que é possível reverter um quadro de depressão apenas com "atitude positiva".

Portanto, a identificação de uma intenção de suicídio entre pessoas idosas pode ser ainda mais difícil em comparação a outras faixas etárias, já que este público tende a ocultar mais os sinais que a antecedem.

Veja abaixo alguns sinais a observar com muita atenção porque podem ser fortes indícios de depressão e intenção de tirar a própria vida:

  • conversas constantes em tom de despedida;
  • expressão pela falta de desejo de viver ou de que nada resta a fazer;
  • relaxamento exagerado nos cuidados da própria higiene;
  • desistência de atividades recreativas;
  • doação de bens e dinheiro sem causa aparente;
  • dificuldades frequentes para dormir ou noites de sono excessivamente longas;
  • verbalização da intenção de suicídio.

Importante: alguns destes sinais são muitas vezes encarados como tentativas de chamar atenção, e até comparados às manhas infantis. Não cometa esse erro. Encare tudo seriamente, abra um canal de conversa e, principalmente, não hesite em buscar ajuda profissional para descartar qualquer dúvida.

A prevenção do suicídio entre os mais idosos

Antes de qualquer ação isolada sobre o público sênior, devemos trabalhar a conscientização de toda a população, dando maior visibilidade sobre o problema. Com o apoio de campanhas sérias de organizações governamentais e não-governamentais, o Setembro Amarelo leva ao público geral uma série de dados importantes e motivam a criação de conteúdos relevantes que visam contribuir com a redução das tristes estatísticas com as quais convivemos atualmente.

Alguns fatores que desencadeiam a intenção de tirar a própria vida são mais frequentes no público sênior em comparação a outras faixas etárias. Entre as principais causas, está a redução da autonomia e a ausência de eventos recreativos, especialmente para pessoas que tiveram uma vida adulta com muita atividade, mas, ao alcançarem a aposentadoria, acabam por sentirem-se menos úteis longe do trabalho.

O grande desafio imposto pela idade e, em especial, pelos diferentes tipos de velhices está nas oportunidades e nas novas experiências que os longevos têm com o avanço da idade, mesmo considerando naturais declínios funcionais. O protagonismo vai "mudando de mãos" na medida em que se envelhece e os "interesses" e "objetivos" de vida passam por constantes reavaliações.

Se por um lado, não há como escapar de algumas das intempéries que chegam com o avanço da idade, por outro é possível atuar no cuidado e prevenção para suavizá-las, levando mais qualidade de vida e melhor bem-estar à pessoa idosa.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a problematização do envelhecimento ativo passa pelo conceito de atividade, ou seja, manter-se ativo dentro de pilares como saúde e bem-estar, participação social (que envolve relacionamento social, cidadania e contextos espirituais), segurança (proteção social), e aprendizagem constante ao longo da vida. Esses pilares contextualizam pontos singulares na vida da pessoa sênior que fazem com que mantenham acesa a chama do protagonismo e do propósito de vida, ou seja, dos bons motivos que levam ao interesse de "acordar" a cada dia para a vida, dia após dia. Você pode ler um pouco mais sobre a busca por um envelhecimento mais ativo neste artigo disponível no nosso blog. 

Para muitos idosos, o fim da rotina do dia a dia do trabalho pode significar também uma perda significativa de propósito, ou seja, a percepção do idoso sobre a diferença que faz no mundo ao seu redor. Francesc Miralles, autor do livro “Ikigai: os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz”, fala sobre a importância de encontrar novas descobertas, reservando um pouco de cada dia para fazer as coisas que ama. No contexto de prevenção de suicídios, essa ressignificação de propósito tem um peso ainda maior na qualidade do envelhecimento.

Outro fator relevante na manutenção do bem-estar começa dentro da própria casa, garantindo um ambiente adequado. Isso pode significar ter que fazer algumas adaptações estruturais e de mobiliário para aumentar a segurança e garantir acessibilidade da pessoa idosa, sem prejuízo à sua autonomia.

Senhora idosa tomando água na cozinha
Entenda como criar um ambiente mais acessível, a fim de garantir a autonomia e o bem-estar da pessoa idosa.
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As dores crônicas também podem desencadear quadros de depressão, especialmente quando restringem a autonomia da pessoa sênior. É um erro comum tratar as dores como algo "normal da idade", e este mito precisa ser combatido. O médico deve ser consultado para dar o melhor tratamento a todas as queixas e dirimir as dores antes que se tornem parte de  algo mais grave.

A presença de uma rede de apoio também é fundamental. Além dos membros mais próximos da família, manter bons relacionamentos com vizinhos e amigos ajuda a criar um contexto social mais ativo e permite que a pessoa sênior tenha com quem contar em momentos de dificuldade, e principalmente, com quem dividir as celebrações que a vida, certamente, tem a oferecer

No final, a palavra-chave para prevenir um fim trágico é atenção. Por isso, observar cada detalhe no comportamento e ambiente de vida do idoso é fundamental para resolver os problemas antes que piorem. Neste caminho, você pode encontrar muita informação que vai ajudar você e a sua família aqui, no nosso blog.

Pensa em tirar a própria vida ou conhece alguém nessa situação?

Procure ajuda! Consulte um médico de sua confiança ou entre em contato com o CVV ou CAPS da sua cidade.O Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional e atua fortemente na prevenção do suicídio, com um atendimento voluntário e totalmente sigiloso por telefone, e-mail e chat, 24 horas, todos os dias. Acesse o site https://www.cvv.org.br/ ou ligue gratuitamente para o número 188.

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Este artigo foi redigido por

Gerson Barth
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Sou Gerson Luis Barth, fundador da Human Care Brasil, Cirurgião Dentista especializado em Gerontologia, pai apaixonado do Frederico e da Antonella e da mamãe e esposa Sheila.

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