Chegou a hora de procurar uma casa de repouso?
Há casos em que o avanço da idade é acompanhado de algumas dificuldades que prejudicam a autonomia, e principalmente, a independência da pessoa sênior. Nada incomum hoje em dia, situações onde as demandas de apoio e cuidado ficam mais complexas, pesadas, ou cenários onde não é mais possível contar com o apoio de um familiar. São realidades, por vezes difíceis, onde a mudança para um residencial geriátrico, mais comumente conhecido como casa de repouso pode significar o melhor planejamento de cuidado tanto para o idoso quanto para a família..
A decisão não é fácil e envolve toda a família. Por isso, preparamos este guia com informações que podem auxiliar você e seus familiares a escolher o melhor caminho.
Tirar a pessoa sênior de sua própria residência é uma decisão espinhosa.
Atenção. Isso é muito importante. A própria moradia e o ambiente em torno dela são fatores críticos na manutenção da estabilidade física e emocional na vida de qualquer indivíduo, mas isso é ainda mais preeminente em pessoas idosas. Isso acontece porque, segundo diversas pesquisas realizadas em todo o mundo nas últimas décadas, o ambiente de vida do idoso, incluindo principalmente sua rede local de apoio, tem impacto direto no seu bem estar, satisfação, e sensação de felicidade.
Desde o contato com os vizinhos, passando pelas visitas ao mercado do bairro, até o ambiente fechado da moradia propriamente dita, forma-se um contexto que dá sentido de pertencimento, de aconchego à vida da pessoa sênior. Afinal, com o avanço da idade, é esperado que a pessoa passe mais tempo em sua própria casa, lugar em que se sente mais segura.
Para pessoas mais jovens que têm uma vida mais agitada, este vínculo tão forte com o ambiente pode parecer um conceito exagerado, mas é essencial não subestimar a sua importância. Recomendo fazer um simples exercício de empatia. Ao colocar-se no lugar do idoso, é fácil perceber o tamanho da importância da estabilidade, do modo de vida cercado por um ambiente aconchegante, seguro e conhecido.
Imagine se, de repente, tudo o que você mais conhece e confia, deixa de estar com você.
Primeira dica, talvez a mais importante: Sendo a sua própria casa uma parte importante de sua autonomia e bem estar biopsicossocial, é recomendável esgotar todas as opções a fim de manter a pessoa na própria residência.
Torne a moradia do idoso um ambiente mais seguro.
Se a busca por uma casa de repouso está motivada pela falta de segurança física no ambiente doméstico, é recomendável avaliar se não é possível realizar alterações que mudem esse cenário. Além da economia do ponto de vista financeiro, essa simples atitude eleva o bem estar físico e psicológico do idoso.
Temos um artigo fantástico, muito detalhado, que faz bastante sucesso aqui no nosso blog falando sobre Geroarquitetura com dicas valiosas sobre como manter uma casa mais acessível para idosos. Confira aqui.
Em resumo, a palavra-chave para manter uma moradia segura é planejamento. Com intervenções de baixo custo e muito objetivas, já é possível melhorar consideravelmente a segurança do local, mantendo a autonomia da pessoa idosa. Veja aqui alguns exemplos:
- verificar a presença de tapetes soltos;
- substituir pisos escorregadios;
- aumentar a iluminação;
- ter antiderrapantes e corrimão em escadas;
- eliminar áreas de tropeços como desníveis;
- adaptar mobiliários como cadeiras e camas.
Algumas mudanças estruturais podem exigir pequenas reformas, mas quando comparadas a ida para uma casa de repouso, há várias vantagens que vão desde o custo até o mais importante: a manutenção e o bem estar da pessoa idosa dentro de sua casa.
Cuidador de Idosos: uma alternativa possível à casa de repouso
Segunda dica: Quando a autonomia da pessoa sênior está prejudicada por uma doença ou séria dificuldade física ou emocional, pode ser importante contar com ajuda profissional. Afinal, nem sempre existe um familiar com suficiente disponibilidade de tempo ou conhecimento técnico necessário para suprir as demandas da pessoa idosa.
A vantagem da contratação de um cuidador de idosos neste caso é o menor impacto na manutenção do ambiente de vida do idoso. Apesar de nunca ser fácil ter uma pessoa nova em seu ambiente, a presença do cuidador de idosos atende um grande número de necessidades, sem que seja necessário mudar a pessoa da sua própria residência.
Assim, é possível manter todo cuidado e atenção que a pessoa sênior precisa, sem que ela tenha que abrir mão do seu espaço físico, local onde se sente segura e acolhida.
Sim, sabemos que escolher um profissional com as competências necessárias pode ser uma tarefa tão difícil quanto procurar por uma boa casa de repouso. Por isso, elaboramos um guia completo para ajudar você nessa importante tarefa. Você pode ler o artigo que publicamos sobre este assunto bem aqui.
Afinal, quando a casa de repouso é o melhor caminho?
Terceira dica: Pontos a serem observados na escolha de um residencial geriátrico:
Se a pessoa idosa possui limitações físicas ou mentais que precisam de acompanhamento especializado constante, a casa de repouso torna-se a opção mais adequada. Tratando-se de ambiente profissional com especialistas multidisciplinares, uma boa instituição pode garantir uma vida mais segura, com acompanhamento mais responsável e adequado às necessidades individuais do idoso.
Do ponto de vista da moradia propriamente dita, a falta de espaço físico adequado para o idoso seja em sua própria residência ou de parentes, ou a impossibilidade de adaptar ambientes para garantir o seu conforto e segurança são sólidos motivos para a mudança.
Esta também é a melhor opção quando a situação atual do idoso envolve um isolamento acentuado. Como a falta de socialização é extremamente prejudicial, a convivência com outras pessoas em um lar de idosos pode ser uma experiência mais acolhedora e benéfica.
Além disso, é recomendável conversar com o geriatra que, ciente da rotina do idoso, poderá orientar com propriedade sobre todas as opções de cuidados disponíveis.
O que avaliar no momento da busca pela casa de repouso?
Há vários pontos igualmente importantes a serem observados no local que passará a ser a residência permanente do idoso. As visitas para conhecer as casas de repouso devem acontecer com calma, sem pressa, para não perder nenhum detalhe.
A limpeza será provavelmente a primeira característica que vai chamar a sua atenção. Ela é essencial, claro, mas atente-se também à qualidade dos alimentos, à amplitude do espaço físico e à percepção do bem estar dos moradores já residentes. Você ainda poderá entrar em contato com familiares de outros residentes para conhecer um pouco mais do clima geral do ambiente e da sua cultura de cuidado. Observe e questione também sobre atividades de interação e o número de funcionários por plantão.
Sobre os profissionais, uma boa casa de repouso deve ser composta em seu quadro de funcionários por no mínimo os seguintes especialistas:
- Médicos;
- Enfermeiros;
- Psicólogos;
- Nutricionistas.
Após o início da internação, é importante fazer visitas frequentes, não apenas pelo carinho com a pessoa idosa, mas também para deixar explícito aos funcionários da casa como aquela pessoa é importante para você.
O sentimento de culpa precisa ser combatido.
Quarta dica: A culpa e o luto. Se está difícil de VIVER o momento presente com o seu familiar não negligencie o luto de deixá-lo numa instituição, mas trabalhe, da forma mais consciente possível, o sentimento de culpa. Organize isso dentro de si para deixar essas questões bem resolvidas.
É muito comum que, no momento da internação do idoso, as pessoas mais próximas sintam-se culpadas pela decisão. A mudança para a casa de repouso é um recurso a ser usado em último caso, mas continua sendo uma importante ação de amor e carinho. Ao perceber que não é possível garantir a segurança, a independência e autonomia da pessoa idosa através de outros tipos de cuidados, a internação torna-se uma necessidade para garantir o bem estar e a integridade da pessoa. A partir daí, e ao longo do tempo, a finitude da vida e o luto são matérias que devem ser encaradas da forma mais natural possível.
Nossa maior responsabilidade nesse processo é o AMOR e o respeito às vontades e dignidade da pessoa idosa.
É, no final das contas, neste emaranhado de difíceis tomadas de decisão que se encontra a paz de espírito e a certeza de que fizemos as melhores escolhas...